Viramos a página?!

Crónicas 29 dezembro 2021  •  Tempo de Leitura: 2

Arrisco a dizer que estamos, todos, com muita sede de virar a página. Queríamos que estes tempos difíceis desaparecessem dos nossos dias; que as notícias que nunca são boas dessem lugar a pontinhos de luz e de esperança em forma de informação e de conteúdo. No entanto, parece que ainda não estamos autorizados a virar a página porque esta “página” não nos pertence, apenas, a nós. A página da pandemia é de todos. Diz respeito a todos. O respeito por estes tempos e os cuidados a ter são, e devem ser-nos, cobrados. A solução para o fim destes tempos cabe-nos a todos.

 

Claro que é mais fácil assobiar para o lado. Ignorar e seguir em frente como se nada fosse. Não é assim que se chega longe. Não é assim que cruzaremos esta meta que teima em fugir-nos cada vez mais para a frente, como se de uma provocação altiva se tratasse.

 

Que havemos de fazer, então, se nada parece estar ao alcance das nossas mãos? Do nosso controlo? Dos nossos gestos individuais?

 

Resta-nos (e já é muito!) fazer o que nos compete como pessoas, como responsáveis pela saúde pública (que é de todos), como cidadãos, como irmãos, irmãs, mães, pais, avós, tios, primos, amigos, conhecidos e desconhecidos.

 

Resta-nos cuidar, com carinho e cuidado, da página que ainda não virámos, ainda que já consigamos avistar o novo ano.

 

Não será estranho que suspiremos. Que desanimemos. Que pensamos que “isto nunca mais acaba”. Que nos sintamos castigados, massacrados, mastigados por um tempo tão complicado e turbulento. Que não fiquemos por aí. Que consigamos encontrar a coragem para encher o copo para brindar à esperança do que há de estar por vir. Para vir.

 

Dizem que atraímos tudo aquilo que desejarmos, que visualizarmos, que sonharmos como possível… por isso, fecha os olhos e imagina aquilo que será comum e feliz para todos:

 

O virar desta página. E que, a seguir, a página que se escreva seja profundamente melhor e mais feliz.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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