Não posso fazer nada!
Talvez tenhamos sentido o eco desta frase, repetidamente, dentro do coração. Especialmente nestes últimos dias. De um dia para o outro, a palavra GUERRA transformou-se num sem número de rostos, casas, expressões, lágrimas, feridas, explosões. Deixou de ser uma palavra sobre a qual se escrevem poemas e passou (uma vez mais) a ser um cenário real. Imediato. Vivo. Profundamente cravado nos dias de cada um de nós.
Não posso fazer nada. Não podemos fazer nada porque a guerra é longe. Porque o país não é o nosso e porque os filhos, as mães, os pais e os irmãos também não. No entanto, esta tentação de cruzar os braços rapidamente se transformou em generosidade em cadeia, em gestos de amor desdobrados que conseguiram chegar longe. As pessoas descruzaram os braços e encheram-se de vontade de ajudar. São muitos os que se mexem, se cansam e não dormem a pensar em formas de travar este período tão escuro e tão triste que vivemos. Mais uma vez.
Somos testemunhas da vaidade, da arrogância, da vilania dos seres humanos. De um ser humano em particular. Trememos por dentro por todas as semelhanças com os tempos dos vagões, dos campos de concentração, da dor, da morte e da miséria provocadas por alguém que nunca soube ser humano.
É precisamente por sermos testemunhas que não nos podemos calar. Devemos continuar a procurar formas de ajuda, de esticar os braços para quem precisa. Há inúmeras formas de fazer a diferença. Seja através da oração pela paz, seja pela angariação de fundos, medicamentos, ou do que quer que faça falta.
Podemos fazer tanto, ainda. Podemos tentar ser pessoas que resolvem os seus problemas através do diálogo e não através da violência. Podemos ser pessoas que explicam às crianças e aos mais novos como se pode comunicar sem ferir tanto. Como podemos abraçar a diferença, sem semear discórdia ou guerra.
Ainda há tanto para fazer por este mundo tão ferido. Tão doente. Tão magoado.
Depende de todos.
De ti, também.