Testemunhar com a Vida
Este fim de semana voltei a ser padrinho de Crisma de uma adolescente. Antes de mais, não o entendo como um papel ou uma representação, mas sim um serviço ao crescimento do outro, a afilhada, neste caso.
Na minha opinião, a preocupação de quem aceita este desafio de fé, não é tanto de saber o que fazer, mas como ser, ou quem ser. A madrinha ou o padrinho, deve ser principalmente testemunha da vida evangélica, da beleza de se ser cristão. Ora isto, não se aprende nos livros, mas vive-se por escolha, por abraço da vida cristã.
Precisamos de testemunhas de fé, homens e mulheres apaixonados, felizes por serem cristãos, capazes de o dizer com a vida. Os que vão ser crismados devem ser testemunhas das vidas felizes dos padrinhos, com os seus dons e com as suas limitações, na opção que fizeram por uma vida de fé integral, coerente e em caminho.
Com o Sacramento, os jovens acolhem no coração o Espírito para que os guie na vida: será o Espírito que rezará neles, infundirá esperança, dará força para perdoar e amar, semear a paz, criar comunhão, ajudar e servir os irmãos. Essa docilidade ao Espírito que opera os corações deve resplandecer na vida de cada madrinha e padrinho. Devem ser estes os primeiros testemunhas!
Mesmo que os afilhados se afastem da fé ou façam escolhas contrárias à mesma, o testemunho de uma madrinha ou um padrinho feliz com a sua caminhada na fé, perdurará nos seus corações e nas suas mentes.
O afastamento da prática cristã caracteriza muitas vezes a adolescência. Ao tomar consciência de si mesmo, distinto do de seus pais ou familiares, o adolescente precisa encontrar respostas pessoais para o que lhe foi ensinado. Já não é suficiente aceitar o que vive na família no contexto da fé.
Se, de facto, é verdade que recebemos a fé como um dom de nossas famílias, também é verdade que ela exige uma adesão pessoal e uma experiência real de Deus. Ora, os adolescentes têm uma necessidade urgente de fazer uma experiência pessoal do Senhor e do seu amor para aderir a Ele de um modo novo.
De uma forma geral, estão famintos de autenticidade e profundamente sensíveis à verdade. Por isso, são capazes de perceber se o exemplo de vida cristã dos adultos é coerente ou revestido de pura exterioridade.
Todas estas ações ajudam a moldar a identidade crente: acompanhar, formar, apoiar, proteger… É a isto que a madrinha ou o padrinho é chamado a testemunhar com a vida.