Por que não podemos não nos chamar de cristãos
Em 1942, quando o nazismo/fascismo travava uma guerra monstruosa para dominar e exterminar milhões de seres humanos pertencentes a raças inferiores, o filósofo italiano, Benedetto Croce, publicou na revista "La Critica" a 20 de novembro, um ensaio avassalador, com o título, Por que não podemos não nos chamar de cristãos:
«O cristianismo foi a maior revolução que a humanidade já realizou: tão grande, tão abrangente e profunda, tão cheia de consequências, tão inesperada e irresistível em seu desenrolar, que não é de admirar que tenha parecido ou ainda possa parecer um milagre, uma revolução do alto, uma intervenção direta de Deus nos assuntos humanos, que receberam dele uma lei e direção completamente nova».
Segundo este filósofo, todas as outras revoluções que marcaram épocas na história da humanidade quando comparadas com esta, parecem particulares, limitadas...
«A razão disso é que a revolução cristã atuou no centro da alma, na consciência moral, e, ao enfatizar a profundidade e a natureza própria dessa consciência, quase parecia estar adquirindo para ela uma nova virtude, uma nova qualidade espiritual, que até então faltava na humanidade».
E isto porque o seu afeto era um afeto de amor, «amor para com todos os homens, sem distinção de povos e classes, livres e escravos, para com todas as criaturas, para com o mundo que é obra de Deus e de Deus que é o Deus do amor, e não se separa do homem, e desce para o homem, e no qual todos nós somos, vivemos e nos movemos».
Para os cristãos, celebrar o Natal significa recordar uma data que mudou a história do mundo: a partir daí, daquele ponto que separa o Antes de Cristo do Depois de Cristo, desenvolveu-se uma força espiritual, social e política que gerou uma nova corrente de acontecimentos.
Ao contrário do messianismo judaico, para o qual o advento do Messias representa o cumprimento da história, o fim da história, para o messianismo cristão o fluxo dos acontecimentos dá um salto quântico, para outra órbita. Usando as palavras de Benedetto Croce, para a dimensão do Amor e da Liberdade.
É isto que celebramos no Natal!