E o amor?
E o amor, onde fica? No meio da confusão dos dias, da penumbra, da espuma branca das marés que nos mantém imperturbáveis?
E o amor, onde fica? No meio de rosas vermelhas e corações mal pintados pela hipocrisia do costume. Pelas lojas do costume. Pelo enjoo do costume. São precisos dias disto e daquilo para lembrar que o amor existe?
Por acaso temo-nos lembrado disso nos outros dias todos? Ou gostamos só de viver mentiras e enganos, enquanto nos convencemos de que fazemos o suficiente uns pelos outros?
Não fazemos o suficiente. Nem pelo amor que nos devíamos ter. Nem pelo amor que devíamos ser para quem palmilha caminhos ao nosso lado. Sabemos lá o que é o amor de ter noção. De calçar os sapatos de quem não os tem. De olhar como quem quer ver, realmente, o que vai para além do umbigo.
Falamos de tudo. Damos opinião sobre tudo. Corremos atrás de tudo. E já não sabemos parar à sombra do que vale a pena. Do tempo que é preciso para amar os dias que nos são dados. Os momentos que nos são dados. As pessoas que nos são dadas.
Falar sobre o amor é fácil. Agora vivê-lo? Isso é para outro tipo de corajosos.
Será?
Só para o caso de ninguém te ter dito: o amor é para todos. É um presente que nos é dado a viver, a conhecer, a guardar. E é preciso ter consciência disso.
É sempre pouco e superficial escrever sobre o amor. Pela sua vastidão e pequenez, ao mesmo tempo. Pela sua complexidade e pelo tanto que nos traz de vulnerabilidade também.
No entanto, em dias tão feridos como os que vivemos, vale a pena lembrar que é para isso que aqui estamos. E estaremos. Para viver por amor.