A coragem de olhar para dentro!
Nem sempre a vida nos ensina a ter a capacidade de olhar para o que se passa dentro de nós. Habituados a olhar para o que se passa do (nosso) lado de fora, podemos desenvolver um analfabetismo profundo sobre as emoções, os sentimentos e os pensamentos que nos ocupam o coração, a mente e o espírito.
No entanto, vamos caminhando iludidos pela vida fora. Impedimo-nos de contemplar o universo interior que temos e, por consequência, não nos deixamos lidar com o que se passa connosco. Seja isso o que for.
Neste tempo de maior reflexão, espera e jejum em que nos encontramos, talvez valha a pena o desafio de abraçar (em nós) o que ainda não tivemos coragem para ver.
Para alguns de nós esse abraço vai encontrar raiva que nos vai dar pontapés e gritar:
“sai daqui”;
Para outros esse encontro vai trazer uma alegria de criança pequena que só sabe brincar e ser feliz;
Para outros poderá trazer uma tristeza velha que nem se sabe de onde vem;
Para outros um cansaço de viver à sombra das aparências e do tanto que fingimos que somos;
Para outros será um abraço de risos, gargalhadas e coisas tontas.
Seja o que for que encontremos, que saibamos dispor-nos a ver. A querer ver o que é. Mais do que nos orientarmos para resolver o que acontece dentro de nós, que saibamos encontrar tempo e espaço para não tocar. Para ver como sagrado o que vier, chegar ou aparecer. Nem tudo se resolve, nem tudo se aprende e nem tudo se cura. E está tudo bem. É mesmo assim que as coisas podem ser.
O caminho é longe. E é longo. A vida pode trazer-nos complicações e desafios difíceis de superar ou ultrapassar. Mas não te preocupes: estamos juntos nessa mesma luta. Nesse mesmo mistério.
O truque é subir um degrau de cada vez. Só assim podemos subir as escadas.