O que fazer quando não podemos fazer nada?
Nem sempre conseguimos estar bem. Nem sempre conseguimos agarrar as raízes da alma aos braços fortes da nossa fé. Parece-nos tudo sem sentido, sem Norte, sem orientação possível. Quase como se a nossa bússola interna se quebrasse e nos chocalhasse até partir.
É precisamente nos momentos de maior dúvida que a fé nos salva. Mesmo que nos falhe. Mesmo com dúvidas. Mesmo mergulhada no pântano das nossas inquietações mais profundas.
Mas como é que isto foi acontecer?
Mas como é que eu agora lido com este impossível?
Mas o que é que eu faço se não posso fazer nada?
Não estamos habituados a não fazer nada. Estamos habituados a reagir. Aos impulsos. Ao andar para a frente, mesmo sem pensar. E, de quando em vez, a vida vem esfregar a sua aleatoriedade na nossa cara e diz-nos: é para parar, já. É para abrandar, já. É para repensar tudo, já. E a verdade é que ninguém sabe lidar com o choque do inesperado. Do que a vida traz sem aviso de receção. Do que nos deixa debaixo da porta sem nos deixar, antes, calçar os sapatos para andar.
Quando não pudermos fazer nada, ainda podemos fazer tanta coisa. Podemos rezar. Podemos consolar. Podemos estar presentes, sem dizer nada. Podemos sorrir sem pena. Podemos agir naturalmente e fazer o melhor que soubermos. Mesmo quando estivermos perdidos, baralhados e pouco confiantes.
A vida não avisa. As previsões não existem e os improváveis podem rimar com a vida de qualquer um.
Ainda assim, e mesmo sem termos respostas claras e concretas, resta-nos acreditar que o Bem e os Bons ganham sempre. Que a Luz é maior do que a escuridão. Que a vida há de compensar os que tudo têm feito para a tornar boa para todos.
Já dizia Chiara Petrillo: “Apenas vivendo o hoje é possível enfrentar a vida”.
O hoje chega.
Tem de chegar.