É Deus quem sabe!
Uma semana cheia!
O 25 de Abril e o 1 de Maio. A memória de São Luís Maria Grignion de Montfort (28 de Abril). O encontro de ex-alunos do Seminário Monfortino. Dias de muita festa e felicidade... Pelo meio, a 27, parte para a vida eterna um Homem, um Sacerdote que me marcou interiormente como um raio fulminante. O padre João Aguiar Campos. Conheci-o já diretor do Grupo Renascença e fui-me aproximando deste Santo na última década.
O desejo da felicidade que habita o ser humano, tem a ver com a nossa fé, porque fomos criados por Deus, que é o Deus da vida, da alegria, da realização pessoal e comunitária. Para o crente, este desejo vem precisamente de Deus. Ele no-lo deu e ele mesmo se oferece a nós como fonte e realização.
O caminho da felicidade passa, portanto, pela Páscoa do Senhor Jesus? Sim! Desde a sua paixão e morte. Não há alternativa! Isso pode chocar-nos, mas também nos emociona...
Com a sua Páscoa, Jesus não só nos devolveu aquela alegria para a qual fomos criados, como nos mostra o caminho principal para o alcançar de uma forma que respeite a nossa dignidade de pessoas criadas à sua imagem e semelhança. O sofrimento não é o fim! A morte não tem a última palavra!
O caminho é o da comunhão com Ele: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo». (cf. Jo 10, 1-10) E essa comunhão vive-se no dom de nós mesmos aos irmãos. Vive-se no sair de nós mesmos, dos nossos problemas, das nossas angústias, de nos transcendermos para nos colocarmos ao serviço da vida, na realidade em que vivemos.
Isso significa que a conquista da felicidade não é fácil, vai além da esfera das emoções e dos sentimentos. Ainda que muitos livros de autoajuda, bons e inteligentes, possam ajudar a conhecer algumas estratégias humanas para alcançar a felicidade, ela não é comprada nas livrarias, como qualquer produto para consumo, mas é acolhida do céu como um presente de Deus. Conserva-se alimentando a relação com Ele e com o dom de si aos outros. Por fim, consolida-se carregando no dia a dia a nossa cruz.
Com efeito, não podemos desfrutar da verdadeira felicidade sem passar pela Páscoa. É pura utopia pensar numa autorrealização que exclua os limites, a fragilidade, o pecado, as contradições e o mal.
E, ao longo destes anos, foi esta graça que recebi do padre João Aguiar através das suas partilhas. Carregou a sua cruz até ao fim com humor e amor; com fé e confiança naquele a quem entregou toda a sua vida.
“126. Sabe
«A mãe é que sabe!...» – dizia, pedindo com meiga confiança, um conselho materno.
Tento manter hoje a infantil confiança. Nomeadamente quando rezo sabendo que das minhas dificuldades e ajudas é Deus quem sabe!...”
João Aguiar Campos, in Cochichos, 2023