Debaixo da árvore do que mostras, está o que és!
Vivemos num mundo de aparências. Parece ser mais importante o tamanho do carro que se tem, a imensidão das divisões da casa que se compra, o luxo externo a que muitos aspiram viver.
É quase absurdo, mas inevitável, escolher dizer o que os outros querem ouvir, contar uma versão da nossa história que condiga com as suas expectativas, com os seus ouvidos e com aquilo que julgamos premeditar a sua aprovação.
É mais fácil viver para agradar; criar uma vida de acordo com o esperado; viver sem sabermos quem somos, desde que os outros estejam satisfeitos. O perigo desta modalidade de vida é a possibilidade quase certa de chegar a um ponto em que já não nos reconhecemos. Já não sabemos se a vida que criámos é mesmo nossa ou se é só um espelho daquilo que os outros nos disseram que tínhamos de fazer. O perigo é chegar a um ponto em que já não sabemos de que é que gostamos, que coisas valorizamos e, pior ainda, o que é que nos preenche ou faz felizes.
Atenção: todos caímos nesta armadilha de viver para parecer. Queremos pertencer a um grupo, encaixar neste ou naquele padrão. Queremos ser admirados, queridos, respeitados e, em última instância, profundamente amados. Mas não é essa vida falsa que nos vai trazer alegria. E também não vai trazer nada de significativo para esses “outros” que não estão minimamente interessados naquilo que somos.
Viver para agradar a uma expectativa, a um grupo, à família, aos amigos, aos colegas de trabalho ou aos chefes é viver sem chegar a ser nada. É viver uma incompletude que pode tornar-se irreversível e que pode levar-nos a pagar o preço de já não saber por onde ir.
Em vez de dedicares tempo a admirar a vida alheia, em querer que os outros gostem de ti pelas tuas máscaras, dedica-te antes a procurar as raízes que habitam o teu coração e a tua alma. Dedica-te a veres o que, realmente, és. O que realmente precisas para ser feliz. Que dons e que qualidades tens. Que defeitos e que sombras também te preenchem. És isso tudo e está tudo bem. A vida não pode ser dos outros nem para os outros. A vida que tens é demasiado preciosa para não ser para ti.
Guarda-te de querer mostrar e parecer. Agarra-te à tua unicidade e ao que podes fazer para seres tu. É de ti que o mundo precisa. Tal e qual como és.