Coerência, precisa-se!
Somos excelentes no desenvolvimento e no apregoamento de teorias. As palavras saem-nos rapidamente no sentido do julgamento ou de uma forma que nos quer colocar acima das atitudes dos outros com quem falamos e convivemos. É como se aquilo que dizemos fosse lei pela qual todos os demais se deviam reger. Opiniões também temos de sobra. Se fosse eu, fazia assim. Se eu fosse aquela pessoa não teria ido por aquele caminho ou não teria tomado aquela decisão. Fácil de dizer. E de atirar para o ar. Mas a verdade é que não somos (nem fomos) aquela pessoa. Cada um é cada um mas isso não nos dá o direito de assumir que todos temos de agir da mesma forma.
No entanto, há um desafio que nos é colocado a cada momento, e principalmente, nos momentos mais adversos ou importantes das nossas vidas: o da coerência. O de rimar as nossas atitudes com aquilo que a nossa boca apregoa e reza. A coerência está em vias de extinção. Vê-se pouco e sente-se ainda menos. O que se sente, na realidade, são as consequências do pautar a existência por uma superficialidade de palavras e de opiniões.
Somos todos muito bons a viver a vida dos outros. Mas a história deles não é a nossa. A vida deles não é a nossa.
O que nos é pedido a todos (e não me excluo) é que vivamos mais de acordo com as nossas palavras. Que consigamos devolver aos outros a certeza de saberem o que podem receber do nosso lado. Que saibamos alinhar os nossos valores e os nossos princípios com o que apresentamos aos que se cruzam connosco. Porque de dizer uma coisa e fazer outra está o mundo cheio. E nós cansados de não ver nada bater certo. E nós cansados de ouvir palavras que rimam com vento e com pouca verdade, ao invés de atitudes certas, corretas e recheadas de bom senso.
Temos, todos, um longo caminho a percorrer. Falta-nos aprender a ter mais cuidado com os que conhecemos e, também, com aqueles que conhecemos pouco. Merecemos todos mais respeito, mais coerência e mais verdade da parte uns dos outros.
Claro que as máscaras sociais, as aparências, as roupas bonitas e as marcas caras são profundamente atrativas num mundo que se quer de carneirada… mas valerão tanto assim?
Valeremos assim tão pouco que deixámos de nos importar com o que realmente merece a nossa dedicação?