Numa aproximação ao final do ano letivo, partilho uma reflexão feita acerca do meu trabalho, que é esse mesmo, o do ensino da questão religiosa. É um texto que escrevi para a revista da escola e que aqui se apresenta com algumas, poucas, alterações.

O ensino da religião católica nas escolas, desde o 1º Ciclo até ao Ensino Secundário, pretende construir os alicerces sólidos sobre os quais se pretende fundar um autêntico diálogo inter-religioso e intercultural sob o desiderato do respeito e da paz entre todos. É claro que este objetivo, por vezes, não é de fácil perceção e consequente partilha por todos os membros da comunidade escolar, como é evidente na escolha dos alunos e dos encarregados de educação. No entanto, o objetivo primordial é este mesmo: a construção da paz.

O ensino da religião ajuda a comunidade escolar a não esquecer os inevitáveis aspetos éticos e espirituais do ser humano. Além disso, leva os alunos a tomar consciência do património sobre o qual assenta a civilização ocidental. Estas nossas raízes religiosas, são um tesouro único ao qual podemos recorrer para evitar os desvios da cultura do desperdício, do materialismo, dos individualismos exasperados, dos conflitos e da violência. 

A presença cada vez mais incisiva, não só de religiões mas também de Igrejas Cristãs diferentes da Católica, na nossa escola, na nossa cidade e no nosso país, é certamente uma mais valia. O ensino da religião ajuda a abrir o diálogo sob a bandeira da convivência pacífica e do respeito. Deste ponto de vista, a tarefa de acompanhar estes jovens na formação de uma identidade livre e responsável, num clima de responsabilidade e solidariedade, está longe de ser fácil: pais, professores, todos os educadores têm que estar envolvidos.

Numa sociedade em que prevalece uma cultura fragmentada, envolvida na esfera do privado, por vezes desorientada e cheia de ressentimentos, o que os nossos jovens pedem sobretudo é que possam expressar e desenvolver os seus projetos e os seus corajosos ideais que os distinguem uns dos outros e revelam a sua verdadeira identidade. Toda forma de exclusão, endurecimento e não aceitação, estreita os horizontes, faz perder os pontos de referência e desnorteia a bússola de orientação.

O ensino da religião, oferece aos nossos alunos a oportunidade de compreender em quais valores acreditar e com quais vale a pena comprometer-se. Diante de uma cultura que tem dificuldade em perceber a continuidade entre passado, presente e futuro, este dá importância às nossas raízes e a uma memória que constrói o amanhã.

Não se trata de fazer proselitismo mas de oferecer uma oportunidade de discussão para permitir que cada um possa, no íntimo da sua consciência, encontrar respostas convincentes.

Por estas e muitas outras razões, a frequência de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), bem como a de outras Igrejas ou Religiões, não é de somenos.

Como diz a rubrica da rádio portuguesa, RFM: «Vale a Pena Pensar Nisto»