Cuidar do corpo é cuidar da alma
Vivemos desligados do nosso corpo. Prestamos-lhe atenção quando fica doente. Ou quando nos falha de forma abrupta precisamente quando mais precisávamos dele. A verdade é que ficamos doentes quando é preciso olhar para alguma coisa que ainda não foi vista. Quando precisamos de perceber que o corpo tem limites e que esses limites devem ser respeitados.
Somos educados para o trabalho e para a produtividade. Para levar o corpo até esticar a corda ao máximo. Mas não são poucas as vezes em que percebemos que as pessoas mais ricas, ou mais produtivas, ou com maior sucesso profissional vivem mergulhadas numa profunda cegueira emocional e espiritual.
Não podemos continuar a rezar para salvar a nossa alma ou para pedir as nossas curas, quando não vemos que o nosso corpo está a gritar por auxílio. Nenhuma doença aparece por acaso e, quando surge, normalmente só ficamos zangados e revoltados porque até parece que a doença nos devia ter pedido permissão para aparecer.
Não é assim que a vida funciona. E a vida não se compadece das nossas vontades, das nossas cegueiras e das nossas faltas de compaixão connosco próprios. Não se trata de ser egoísta ou de passar só a olhar para nós de uma forma autocentrada. Mas a verdade é que o nosso centro somos nós.
Como é que podemos equilibrar, então, tudo aquilo que precisamos de fazer e ser com o cuidado necessário que nos devemos?
É preciso encontrar um equilíbrio que nos salve. Equilibrar as tarefas com o descanso. Olhar para o descanso como tempo sagrado e de urgente prioridade. Nestes dias em que somos bombardeados com más notícias, com guerras, com crises financeiras, é preciso encontrar o nosso centro naquilo que nos deixa felizes e apaziguados. Para cada um de nós a alegria terá uma forma diferente. Seja encontrar tempo de oração, meditar, fazer caminhadas, dedicar tempo aos amigos e à família, jantar fora, viajar etc. Tudo é válido desde que funcione como reparador e bálsamo da nossa energia.
Não podemos separar a energia do corpo com a energia da nossa alma. Ambos precisam da nossa atenção e do nosso respeito.
Antes de continuares a seguir em frente sem olhar para dentro, pensa que o relógio está a contar. E que amanhã pode ser sempre um bocadinho mais tarde do que poderia (e deveria) ser.