Também depende de ti!
Somos um povo que luta, mas que se revolta pouco. Uma espécie de água sempre muito tépida é o que parece habitar o coração da maioria dos portugueses. O país do vai-se andando. Do tanto faz. Do deixar para depois e do brindar para esquecer. Adiamos o que também depende de nós e não nos aborrecemos muito desde que haja sol, uma cerveja e uma boa conversa ao pé da praia.
Não haveria mal algum nisso se de nós não dependesse também o futuro do país e o futuro daquilo que somos também enquanto seres humanos. Rimo-nos com os humoristas que exploram as ridicularices da campanha eleitoral e sentimo-nos cada vez mais às escuras. Votar em quê? Ou em quem? Fazer o quê? Ou como?
Continuamos a nossa vida de todos os dias. Compras. Trânsito. O aumento do custo de vida. A diminuição da qualidade de vida diretamente proporcional às exorbitâncias que se pagam por toda e qualquer coisinha.
Votar em quê? Ou em quem?
Ir buscar as crianças à escola. Colocar o carro em segunda fila. Empatar a vida a meio mundo e criticar os que deixam o carro em segunda fila. Contar os dias para as férias. Contar o que sobra ao fim do mês ou o mês que sobra ao fim do ordenado.
Votar em quê? Ou em quem?
Tudo se paga e o preço a pagar é sempre demasiado alto para os mesmos. Gente que nos governou que encheu os bolsos à custa de esvaziar os nossos e nós na mesma fila de sempre, parados na segunda circular e parados na vida que não muda.
Faltam meia dúzia de dias para ir às urnas e acredito que a confusão que tantos de nós sentimos é o que nos tem de impelir a fazer diferente. E pode não estar nada ao nosso alcance, mas há uma coisa que ainda podemos fazer: exercer o nosso direito e o nosso dever de cidadãos.
Para que tenha valido a pena o esforço de todos aqueles que, antes de nós e da segunda circular, encheram o peito de flores e de fogo e lutaram com tudo o que tinham. Se a nós nos é pedido que sejamos testemunhas dessa luta com uma caneta na mão, que saibamos fazer uso dela.