O que não nos mata torna-nos mais fortes?

Crónicas 9 outubro 2024  •  Tempo de Leitura: 2

Esta é uma das muitas frases populares que vamos repetindo, muitas vezes, sem pensar bem no seu significado.

 

Será que ficamos, realmente, mais fortes mesmo depois de nos acontecerem coisas difíceis, ou ditas, más?

 

Será que teremos sempre a capacidade de transformar a dor do que nos acontece numa lição ou, não raras vezes, acabamos por ficar presos no que nos aconteceu?

 

Em primeiro lugar o que não nos mata nem sempre nos torna mais fortes. Às vezes só nos torna amargos ou frustrados. Mas isso prende-se essencialmente com a dificuldade que temos em aceitar as coisas como foram e como são. E claro que nem sempre essa é uma tarefa simples ou fácil. Encontrar uma mensagem no meio do caos do que nos acontece ou uma lição no meio das adversidades não é para todos e não é para todos em todos os momentos.

 

Ou seja: haverá alturas em que conseguiremos ultrapassar melhor o que nos acontece de menos bom e ver o caminho que esse evento nos fará percorrer e, haverá outros momentos, em que, toldados pela dor, não nos será possível transformar o que nos aconteceu.

 

O que é importante é não fingir que nada aconteceu. Tentar não ir pela vida como se só soubéssemos empurrar tudo para a frente, com o medo de olhar para trás.

 

Podemos, talvez, ficar mais fortes com aquilo “que não nos mata”, mas teremos, antes, de saber olhar (com olhos de ver) para a dimensão do que nos acontece ou aconteceu. Só quando temos a coragem de olhar, e de sentir, estaremos capazes de descobrir as mensagens por detrás dos eventos mais dolorosos.

 

Assim, e perante as maiores dificuldades da nossa vida, resta-nos ter a esperança de que tudo serve um propósito maior que nem sempre está ao alcance do nosso entendimento. Mas, ainda assim, a vida encontrará sempre formas de nos recompensar pelo tanto que, às vezes, nos tira.

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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