Mas já é Natal?
Estamos a ser empurrados para o Natal há semanas. Luzes por todo o lado. Inaugurações a meio de novembro. O frenesim interminável dos centros comerciais com falsas promoções, falsos apelos e a simpatia a rimar muito pouco com o tão desejado espírito natalício.
É por isso que ninguém consegue viver os seus dias sossegado. Estamos sempre a ser chamados a viver num tempo que não existe: ora no passado, ora no futuro. Mas no presente (e no momento) parece que ninguém vive. Ninguém quer, sequer, saber.
Desde quando é que nos tornámos reféns deste consumismo absurdo que “inventa” festividades? Vivemos para as festividades e celebrações em si ou para o tempo que as antecede?
É que corremos o risco de chegar à véspera de Natal já sem paciência seja para o que for. Ou seja para quem for.
O problema aqui é precisamente não nos ser possível “sair” desta roda invisível em que somos colocados diariamente, apressadamente, prematuramente. Impelidos a comprar, a celebrar quando nem sempre há razões para isso, a fazer votos amorosos quando a nossa vontade não corresponde a nada do que nos é pedido.
Mesmo que sintamos que não está ao nosso alcance fugir desta imposição celebrativa, que possamos (pelo menos!) ter consciência de que é real, de que estamos a ser obrigados a viver segundo valores e princípios que nada têm que ver com os que inauguraram o Natal em si.
Numa tentativa mais ousada de não compactuar com este esquema e com este sistema assente no consumismo rápido, descartável e triste, resta-nos ter a certeza de que ainda somos os donos da nossa vida. Que ainda podemos viver segundo aquilo que faz sentido para nós e que ainda podemos decidir se queremos (ou não!) ser estes joguetes nas mãos de sabe-se lá quem.
Enquanto se acendem luzes, se inauguram instantes e se relativizam as verdadeiras prioridades, que saibamos dizer a quem nos vier com estas histórias mal contadas:
O Natal é quando eu quiser.