Tempo roubado: o que podemos fazer?
A esperança é algo pelo qual sentimos um desejo profundo, intenso. Sentimos saudade. É assim o tempo de Advento, que acaba de iniciar. Ele que ajuda cada um de nós a preparar-se para o Natal, é enriquecido com uma motivação diferente, digamos que extra, que faz deste tempo uma oportunidade para viver um verdadeiro itinerário espiritual.
Este ano temos o convite que o Papa Francisco dirigiu aos fiéis e a todos os homens de boa vontade em vista do grande Jubileu de 2025, que terá início na véspera de Natal: Peregrinos da Esperança. A peregrinação, em particular a Roma, é uma dimensão fundamental do Jubileu e convida todos a iniciarem o caminho.
É o convite a sermos homens e mulheres de esperança, por isso, a caminhar para um outro horizonte, um horizonte mais elevado. A meter-se a caminho, a falar de esperança, a não ceder ao desânimo.
Um tempo de esperança em que podemos mais uma vez deixar-nos iluminar pelas antigas profecias messiânicas que, antes do nascimento de Cristo, alimentaram a confiança no povo de Israel.
Ainda hoje Deus não se esqueceu de nós, mas continua a mostrar-nos os sinais da sua presença e da sua solicitude. Como? Em primeiro lugar, dando-nos diariamente a sua Palavra que conforta os nossos corações e os abre à esperança. Depois, com tantos gestos e tantas vidas doadas.
O Advento é o tempo de olhar com novos olhos a história que vivemos e captar a ação de Deus. O problema é que vivemos com muita pressa! Pressa para chegar não sei onde...
Ao projetarmo-nos num depois que ainda não existe, ficamos impedidos de desfrutar o momento presente e de nos envolvermos com seriedade e cuidado nas nossas atividades quotidianas, livres das preocupações do amanhã e da ansiedade do futuro. Estamos sempre com tanta pressa que somos incapazes de nos dar algo que nos faça bem e que nos ajuda a recuperar aquelas dimensões livres da existência que hoje se assemelham a miragens intangíveis.
Educarmo-nos para acalmar e esperar é um dos desafios mais urgentes a enfrentar hoje para não sermos esmagados por situações que mudam rapidamente, graças às novas tecnologias, mas sobretudo pela corrida atrás de uma falsa felicidade.
O que podemos fazer para que o nosso tempo não nos seja roubado?
Talvez não muito, mas precisamos de aceitar o desafio. Procurar realizar as nossas tarefas um pouco mais devagar; sermos mais conscientes de nós mesmos e do que estamos a fazer; dar mais tempo a nós mesmos e às nossas relações essenciais; deixar fluir a vida em nós e à nossa volta...
Sem dúvida que será cansativo inicialmente, mas os benefícios e até a eficiência não tardarão a chegar. Sejamos peregrinos da esperança.
Isto exige coragem e grande determinação, mas não será isso que nos pede de novo o Advento?