Quem és tu para julgar?

Crónicas 19 fevereiro 2025  •  Tempo de Leitura: 2

Todos temos as nossas opiniões. As nossas crenças. As nossas verdades e as nossas formas de ver e observar o mundo. Às vezes, vivemos vários anos reféns daquilo em que acreditamos para, depois, por crescermos ou por aprendermos uma outra forma de encarar a vida e todas as coisas, percebemos que estávamos enganados.

 

Todos podemos enganar-nos. Todos podemos mudar de ideias, querer hoje uma coisa e amanhã querer outra. É também por isso que vivemos num país livre e que a nossa alma pode escolher o que quiser, quando quiser. Obviamente, e por vivermos em sociedade e em comunidade, haverá princípios, leis e regras que nos impedem e restringem. Muitas vezes, ainda bem que assim é.

 

Contudo, nos dias que correm, fomos criando juízes de bolso por aí. Atrás dos ecrãs conseguem incendiar-se discussões, rastilham-se ofensas e comentários mal-educados que raramente combinam com a imagem que temos das pessoas que os fazem (se as conhecêssemos num outro contexto, claro está).

 

Surpreende-me (e choca-me) a rapidez com que se idolatra e endeusa alguém para pouco tempo depois, se arrastar o nome da pessoa para a lama, para a denegrir e para a enxovalhar com base em informação que ninguém verifica e que, muitas vezes, é apenas uma das faces da tão “expressada” verdade.

 

As redes sociais são os tribunais mais parciais e menos sérios que existem e agarra-se em tudo e mais alguma coisa para se conseguir mais poder, mais dinheiro, mais seguidores e mais influência.

 

Ainda assim, somos igualmente testemunhas dos verdadeiros milagres e acertos de contas com base na justiça que aqui também se fazem.

 

Mas, pergunto-me? É este o lugar para julgar? Para aferir verdades e mentiras como se fossemos todos donos do mundo? É assim, atrás do ecrã de um telefone e de um computador que se destrói a vida de uma pessoa sem direito ao contraditório?

 

Justiça sim, mas não a todo o custo.

 

Verdade sim, mas aquela que é transparente e límpida como um rio e não a que se envolve em sombras e sujidade.

 

Parece-me que somos todos capazes de fazer um bocadinho melhor, não é?

Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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