Rezar por Francisco neste momento?

Crónicas 25 fevereiro 2025  •  Tempo de Leitura: 4

«Jesus disse: “Se posso?... Tudo é possível a quem acredita”.

Logo o pai do menino exclamou: “Eu creio, mas ajuda a minha pouca fé”.»

Marcos 9, 23-24 

 

A situação a que se refere a passagem bíblica é a da cura do epilético possuído que ouvimos no evangelho de ontem. No caso da doença do Papa Francisco, reconhecemos uma situação diferente mas esperamos, literalmente, a mesma coisa: que a pneumonia passe e que o seu serviço seja retomado, nas formas de dedicação incansável que bem conhecemos.

 

Nós, nas nossas orações, falamos disso com Jesus, desejosos de atrair a Sua atenção. Queremos falar com carinho sobre o nosso Papa doente, e esperamos de todo o coração que Ele o ponha de pé, para que possa retomar o serviço pelo qual estamos gratos.

 

É claro que Francisco não tem de provar nada a ninguém. Na verdade, somos nós que devemos guardá-lo com delicadeza, mantendo-o inteligentemente deste lado: hospitalizado, quando necessário. Sem forçar a sua liberdade. E sem diminuir o testemunho inscrito em algumas das suas dificuldades e doenças. Por isso, estamos gratos a todos aqueles que dele cuidam, com todos os meios humanamente disponíveis. Por isso, na nossa oração, e com toda a ternura possível, procuramos falar a Jesus da nossa gratidão.

 

O Papa Francisco inaugurou o seu ministério pedindo ao povo de Deus que o abençoasse e que a partir daí nunca esquecesse de rezar por ele, como sempre faz, no final de cada encontro. Neste momento honramos de todo o coração este pedido e cumprimos a nossa promessa.

 

Claro que isto não significa adotar tons devotamente sentimentais e uma retórica sagrada obsoleta que se baseia numa mitologia arcaica do corpo do Papa. Além disso, é precisamente de Francisco, que aprendemos, de forma direta, um estilo pontifício que não esconde a fragilidade e a vulnerabilidade normais da vida. Foi um sinal extraordinário de transparência.

 

Francisco sempre disse que não quer lendas nem falsidades em torno da doença e da morte de um papa. Considera-se um homem como todos os outros, um filho de Adão, mortal como qualquer outro. Também por isso ordenou que os ritos do seu enterro fossem os de um simples cristão, sem triunfalismos, ao contrário do que aconteceu com os seus predecessores.

 

A Igreja está particularmente preocupada, porque Francisco não é visto apenas na sua função religiosa. Há também, entre muitas pessoas afastadas, a esperança de que a sua voz possa em breve ressoar neste momento delicado para o mundo. Há uma forte necessidade da sua presença e da sua palavra neste momento de confusão e dificuldade política a nível global. Existe a confiança na capacidade de oferecer uma palavra de paz com autoridade, uma palavra de tranquilidade e reconciliação. Numa altura em que as tensões entre as nações podem evoluir para novos conflitos.

 

A cura do jovem endemoninhado é agora para ti, Francisco. É disto que falamos a Jesus através da oração. Pela mão d’Ele que te ajude a levantar todos os dias, para retomares o serviço, quando e enquanto o Senhor quiser. Temos essa esperança...

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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