Até sempre, Francisco!
Ninguém queria despedir-se de ti, querido Francisco. Trouxeste o vento da mudança, da bondade, da ternura e do assentimento. Trouxeste, ao mesmo tempo, o inconformismo. E, mais importante, do que tudo: trouxeste-nos a esperança.
Lembramo-nos todos, ainda hoje, da tua peregrinação solitária em plena Praça vazia. Os teus passos eram os de todos nós. A tua fé acendeu em nós uma luz que nos fez acreditar que sobreviveríamos aos tempos escuros que a pandemia nos trouxe. Ias sozinho, mas, ao teu lado, seguia cada um de nós. A pedir um colo certo, sem falhas, que nos fizesse acreditar novamente.
Lembramo-nos todos, ainda hoje, e para sempre, da dignidade com que trataste todos os doentes, os pobres e todos aqueles para quem nenhum de nós queria olhar. Tu quiseste. Quiseste sempre olhar para todos. E por todos.
Lembramo-nos, todos, ainda hoje (e para sempre!) da tua presença amorosa nas Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa. Gritaste, com a coragem de uma alma nobre, que a Igreja era para todos. Todos. Todos! E recordaste-nos do essencial: só o amor importa. E esse Amor que vem do Céu não tem exclusões, não separa, não combate e não mata.
Lutaste, connosco, o bom combate. A boa luta. Seguindo em frente e rasgando os véus enferrujados de uma Igreja que precisava de se fazer NOVA, diferente e que precisava de acompanhar a exigência dos novos tempos.
Foste um exemplo. A tua existência foi segura como uma rocha, mas, também, uma pena branca, leve e segura. Disposta a voar na direção do bem comum, da esperança, da paz e do amor.
Quando fui a Roma, consegui vislumbrar-te de passagem. Atirei-te uma carta escrita por mim e esperei, durante algum tempo, que me respondesses. Não me escreveste de volta, querido Francisco. E não faz mal. Porque me respondeste com o teu testemunho de vida e de amor.
E isso bastou. E basta.
Até ao Céu.
Rezamos muito por ti. Não te esqueças de rezar por nós também!