A Europa precisa de redescobrir a fé
Na sua habitual reflexão às quartas-feiras no Vaticano, o Papa fez uma avaliação da sua viagem ao coração da Europa (Budapeste, na Hungria, e Eslováquia). A sua peregrinação por aqueles países permitiu-lhe reavivar a esperança num continente que está a voltar as costas a Deus e a entregar-se ao consumismo.
Sinal desse ateísmo galopante são os estudos realizados em França. Em 1947, apenas 34% dos franceses se declaravam ateus, essa percentagem subiu para os 44%, em 2011. Segundo uma sondagem da Associação dos Jornalistas de Informação Religiosa, divulgada pelo jornal francês "La Croix" na semana passada, já são mais de metade (51%) os franceses que não acreditam em Deus.
O Papa confrontou os bispos do C.C.E.E. com a quantidade de pessoas que na Europa "deixaram de ter fome e sede de Deus". Isso acontece, não porque as pessoas sejam más, mas porque lhes falta quem lhes abra o apetite "que a ditadura do consumismo - ditadura leve, mas sufocante - tenta extinguir".
Perante esta situação, o Papa apelou ao empenhamento de todos na reconstrução da Igreja europeia. Não num sentido "restauracionista", de querer voltar ao passado, mas "a olhar juntos para o futuro", rompendo caminhos novos.
Para o Papa, na Europa, acha-se que a fé "pertence ao passado". Isto deve-se ao facto de "os cristãos, em vez de irradiarem a alegria contagiante do Evangelho", deixarem-se enredar em "esquemas religiosos gastos, intelectualistas e moralistas". A novidade do Evangelho, segundo o Papa, pede a ele e aos bispos "opções sábias e ousadas". E conclui: "Não nos pede para demonstrar, pede-nos para mostrar Deus, como fizeram os Santos - não por palavras, mas com a vida".
A Europa precisa deste testemunho para se reencontrar com "o rosto sempre jovem de Jesus e da sua esposa", a Igreja. Precisa de redescobrir a fé.