Deixa que me sente hoje contigo, Maria
Deixa que me sente hoje contigo, Maria,
Que sejas tu o meu lugar de pausa,
Porque têm sido muitos os estímulos,
E quero pedir-te que me ajudes nas minhas respostas.
Mostra-me como o Teu coração se deixou abrir ao mistério de Deus.
Talvez tão distante da tua realidade de Nazaré,
Material, palpável, concreta.
Permitiste-te acreditar no que parecia impossível.
Deixaste que te marcasse a vida esse Sim desafiador.
Fala-me de como se vive assim, em alegria simples.
De como te deixaste iluminar pelo brilho do Menino,
Que pudeste sentir crescer-te no ventre.
Que conversas terás partilhado com o teu Senhor,
Quando te viste eleita, na tua humildade!...
Deixaste que reinasse a esperança,
Quando à tua volta se impunham a dúvida e a incerteza.
Confiaste na palavra,
Aguardando os tempos necessários para que pudesse cumprir-se…
Diz-me como semeavas a presença de Deus nos teus dias.
Como deixavas chegar a Graça às rotinas da tua casa,
Às conversas com as mulheres e os homens do teu tempo,
Às escolhas que tiveste de fazer,
Às decisões que tomaste com a tua família.
Foi neste caminho de encontro contínuo que te preparaste para o Calvário?
Foi nesta confiança, treinada, aprendida, que pudeste ser fiel até à Cruz?
Esse momento ignóbil, impensável, cruel,
Da mais dura perda e de abandono…
Esse momento que, de um ou outro modo, chega sempre à vida de cada um…
Quando a derrota nos deixa à beira da loucura e do abismo…
Quando o negro não nos permite ver para além das nuvens do desespero…
Quando os nossos alicerces, “tão robustos”, se vergam como palha seca sob o peso do sofrimento…
Estende-nos a tua mão,
Segura-nos no teu olhar,
Ensina-nos a subir contigo os nossos calvários, Mãe!
De olhos postos no Crucificado…
consigamos ver para além dos véus da dor, a promessa de Deus.