Redes Sociais e o «linchamento» público
Intensifica-se o ambiente entre nós, na medida que se aproxima o dia 13, a 1ª Celebração Centenária das aparições de Nossa Senhora em Fátima, que contará com a presença do Papa Francisco como peregrino, e multiplicam-se os artigos de opinião nas redes sociais sobre Fátima e sobre o Papa.
Algumas dessas opiniões, de crentes e de não crentes, são bastante interessantes. Outras, bem pelo contrário, são de um ódio e mal querer que até "mete dó". Infelizmente as redes sociais são muitas vezes veículos para a ofensa gratuita e para o "linchamento" público sem rostos palpáveis. Questiono-me se aquilo que as pessoas escrevem "atrás de um teclado" seria dito com o mesmo à vontade na cara dos outros. Mas o que mais me entristece é quando me deparo com cristãos, sejam eles leigos ou membros da hierarquia, a procederem da mesma forma, a responderem com "a mesma moeda"...
Fez ontem precisamente um ano em que, no 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais que teve como tema: «Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo», o Papa escreveu-nos uma mensagem belíssima sobre este assunto. Faço aqui algumas citações:
«A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e harmonia. As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente físico como no digital. (...) A palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a comunicação.»
«Como gostaria que o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis! (...) Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu.»
Já em Maio de 2013, na casa de Santa Marta, Francisco disse:
«A verdade não entra numa enciclopédia. A verdade é um encontro; é um encontro com a Suma Verdade: Jesus, a grande verdade. Ninguém é dono da verdade. A verdade recebe-se no encontro. (...) Os cristãos que tem medo de fazer pontes e preferem construir muros são cristãos inseguros da própria fé, não seguros de Jesus Cristo».
De facto, não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, se é verdadeira ou não, mas o coração do homem, o coração de quem escreve e como escreve. Se está disposto a ir ao encontro dos outros, a fazer pontes.
Visto que vamos receber o Papa, façamo-lo não só com palavras mas acima de tudo com ações concretas no nosso dia a dia.
Uma "peregrinante" semana.