Convite para a mesa, por Tolentino Mendonça
No coração da liturgia desta Quinta-feira Santa encontrarás a mesa. A mesa na qual Jesus quer comer a Páscoa com os seus discípulos, a mesa de todas as refeições às quais Jesus acolhe os pecadores, a mesa da Eucaristia sobre a qual Ele volta sempre a oferecer-se, a mesa para a qual tu és hoje convidado.
Se se pensar bem, a mesa é a extensão da vida. A tua primeira mesa foram, por exemplo, o ventre da tua mãe e os braços do teu pai. A mesa foi, ao longo dos anos, um indispensável lugar de reconhecimento e de hospitalidade, experiência e troca e território de relação.
Por isso a mesa tem a forma de um dom, e evoca todos aqueles que nos alimentam. Não te alimentas só de comida. Fundamentalmente, nós alimentamo-nos uns dos outros. Somos alimentos uns para os outros.
Não compreenderemos nada da mesa se a reduzimos a uma realidade física. A mesa é a concretização do cuidado fundamental da existência. É o lugar da resposta positiva às necessidades mais elementares, como também àqueles que exprimem o nosso coração, sedento de amor.
A mesa compreende-se que se é amado, e pode ouvir-se, dirigido a ti: «quero que tu sejas», «quero que te sintas escutado», «quero que tu aprecies sabores», «quero para ti a plenitude». Hoje é importante que o saibas: Jesus convida-te para a sua mesa.
[D. José Tolentino Mendonça | In Avvenire]