Qual é a tua estrela?

Crónicas 4 janeiro 2022  •  Tempo de Leitura: 3

Que luz seguimos? Tenho para mim que muitas das vezes gostamos de ser enganados pelas luzes da iluminação de Natal. Sim, por essas. 

 

Este ano, vi um pouco por todo o lado, enormes presentes que se iluminavam com o cair da noite. Aliás, faz-me um pouco de confusão tanta iluminação que nada tem a ver com o nascimento de Jesus e os valores associados a este acontecimento tão importante para todos os seres humanos.

 

Escrevo sobre luz e iluminação, porque celebramos este domingo o Dia de Reis, a Festa da Epifania.

 

Refaço a pergunta inicial: Que luz procuramos?  Nas redes sociais, logo após o Natal e mesmo depois destas festas natalícias, circulam muitas brincadeiras e anedotas sobre os quilos que ganhámos; sobre o voltar ao normal nos costumes e na praxis, pois a época da solidariedade, bondade e fraternidade já passou; os votos para o novo ano de saúde, amor e paz já se esqueceram no dia 2 de janeiro…  Tudo isto é um pouco o reflexo do que somos ou do que damos mais valor.

 

Os Magos seguiam uma estrela. E quando esta desaparece, não hesitam em perguntar onde deveria nascer Jesus, a Verdadeira Estrela. Diz-nos o evangelho que Herodes ficou perturbado. E com ele toda a cidade de Jerusalém. Do povo aos sacerdotes, dos Fariseus aos Saduceus, dos escribas aos levitas.

 

Creio que aconteceria o mesmo hoje. Também nós ficaríamos perturbados. Por causa das nossas estrelas, por causa das nossas iluminações

 

Qual é a nossa estrela? Quais são as grandes inspirações que norteiam a nossa vida? 

 

Não basta saber quem é Jesus, onde nasceu, falar dele... É preciso encontrá-lo vivo e verdadeiro no nosso quotidiano e nos nossos irmãos. Então a vida ilumina-se e converte-se. E Jesus torna-se a Estrela do nosso caminho e veste-nos com a sua luz, ao ponto de fazer da nossa pobre existência uma sua manifestação, uma sua epifania.

 

Se nos deixar-mos guiar por esta vamos ao encontro dos grandes desejos do nosso coração. Jesus ensina-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre; a não nos deixarmos enganar pela iluminação exterior, pela aparência, pela grandeza que o mundo oferece, mas a discernir o que é bom e verdadeiro, e que Deus nos quer dar.

 

«Do Oriente veio em procissão de esperança

O melhor da nossa humanidade.

Os três magos caminharam à luz de uma estrela nova,

Recém-nascida,

Mansa,

Como uma criança.

A procissão faz-se em passos de dança,

E a estrela só pode ser olhada com olhos puros,

De cristal,

Com alma enternecida,

E coração de natal.

Por isso,

Não a viu Herodes,

Não a viram os guardas,

Não a viram os sábios,

Que arrastavam os olhos por velhos alfarrábios.

Viram-na os magos,

Pegaram nela à mão,

Levaram-na aos lábios,

Deitaram-na no coração.

Vem, Senhor Jesus.

O mundo precisa tanto da tua Luz.»

António Couto, bispo de Lamego



Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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