Se a vida não te agarrar, agarra-a!
Não me parece que a vida esteja para brincadeiras. Enquanto nos preparamos para fazer planos e para orientar o que virá a seguir…tudo muda. Enquanto nos pomos em bicos de pés para rasgar mais um ou outro pedaço ao Céu, tudo abranda e se suspende. De repente (e sem que nos tivéssemos apercebido disso) o Céu já não está ao nosso alcance e os pés já resvalaram. De repente, os planos voaram para uma outra galáxia e já nem parecem nossos. Já nem parecem planos.
Não me parece que a vida esteja para brincadeiras. Hoje brindamos com copos cheios de certezas, sucessos e vitórias e amanhã os copos poderão estar vazios de tudo. Cacos no chão e no peito. Já não brindamos. Baixamos a cabeça (e os copos) e o coração pende ao som de uma tempestade que lá vem.
Não me parece que a vida esteja para brincadeiras. Hoje todos os lugares são nossos e as pessoas são feitas de Perto. Amanhã… somos bem capazes de perder o mapa e deixar de saber que Casa é a nossa. Que Casa somos. Amanhã as pessoas vão vestir-se de Longe e afastar-se com a pressa que os dias sopram.
Não está. A vida não está para brincadeiras.
Ou para desvios disparatados.
Para riscos que não valem a pena correr.
Para desânimos que nos tirem a luz que é suposto agarrar, ter e guardar.
Para sombras que toldem as memórias boas e os trilhos que rimam com verde e com mar.
Para deixar para depois o que pertence ao agora.
Para narizes empinados.
Para faltas de humildade.
A vida está aqui agora e, daqui a nada, pode já não estar. Que enquanto aqui estivermos possamos dizer mais vezes o que importa que os outros saibam. Que possamos ser mais capazes de estender mãos em vez de passadeiras de obstáculos.
A vida não está para brincadeiras. E tu?!
Não te esqueças que é enquanto aqui estiveres que podes (e poderás) fazer tudo.
Que seja tudo de bem. Que seja tudo de bom.
[Esta crónica é dedicada ao meu amigo Bento Oliveira.]