Dar sem querer nada em troca
Não há ano em que consiga passar pela Solenidade da Epifania, sem escrever alguma coisa. A verdade é que sempre encontro algo de novo nesta festa.
A Belém, chegam três presentes para a concretização de uma antiga promessa. Eles não vão para os governantes locais, mas para um recém nascido cuja presença é revelada por um fenómeno celestial: uma criança sem nobreza e sem bens de luxo, sem poder, pelo menos que o aparente. No entanto, os Magos, os antigos sábios do Oriente, vão até lá para homenagear a manifestação divina. Eles vêm do Oriente, diz o texto. Do oriente vem o sol e do oriente vem tudo o que nasce, o que surge, o que é novo.
Os Magos não pedem nada, a não ser a visão do que aconteceu naquela casa, segundo o evangelho de Mateus. Depois de uma longa viagem, adoram-no e entregam-lhe os presentes. De seguida, regressam à sua terra por outro caminho. Aquela aparição, aquela Epifania mudou as suas vidas para sempre.
Os Magos, figuras históricas que conheciam a antiga sabedoria passada de sábio em sábio, em parte astrónomos, em parte astrólogos, porque antigamente os dois sobrepunham-se, trazem presentes para uma criança, gesto simbólico, ainda hoje maravilhoso: dar sem querer nada em troca! Querem apenas o olhar de um recém nascido perdido numa terra que não é a sua e o sorriso de um pai e de uma mãe que nada têm senão aquela antiga Promessa da qual se tornaram humildes protagonistas.
Num mundo cada vez mais consumista, onde tudo se negoceia, os Magos, na sua sabedoria, mostram-nos o que é essencial. Só Jesus pode dar o verdadeiro rumo à vida da cada ser humano. Não peçamos mais nada.