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Se a pandemia foi um momento difícil para todos nós, a guerra na Ucrânia não é menos difícil apesar da distância que nos impede de ouvir o estrondo das bombas. Recentemente, num livro com escritos essenciais do P. Thomas Berry (1914-2009), sacerdote Passionista, li que após as duas Guerras Mundiais
É muito difícil falarmos das nossas feridas. É complicado assumir que as temos. Que as vemos. Que podemos, até, viver à sombra destas durante toda a vida sem nunca nos apercebermos.
Nesta quaresma tenho meditado nas palavras deste teólogo protestante. Se pararmos um pouco e pensarmos seriamente no que desejamos para sermos felizes no quotidiano, descobrimos que é este desejo profundo que nos habita, e que às vezes não reconhecemos ou expressamos: sermos ouvidos!
Há quem julgue que a autoestima de que tanto se fala é uma espécie de mistura entre orgulho e vaidade, mas a verdade é que isso são defeitos, pelo que nada de bom poderia resultar da junção de ingredientes tão pouco bondosos.
O que é que o outro procura que eu não consigo ver? O que é que o outro sofre que eu não consigo sentir? O que é que o outro vive que eu nem sou capaz de imaginar? O que é que o outro experiencia que eu não sou capaz de compreender?
Quando penso sobre o verdadeiro significado de fazer o bem, penso sempre nesta história...
Nem sempre a vida nos ensina a ter a capacidade de olhar para o que se passa dentro de nós. Habituados a olhar para o que se passa do (nosso) lado de fora, podemos desenvolver um analfabetismo profundo sobre as emoções, os sentimentos e os pensamentos que nos ocupam o coração, a mente e o espírito.
Nestes dias quaresmais ouve-se com frequência que é mais importante jejuar da maledicência do que da comida.
O amor é paciente. Paciente porque começa por esperar que o descubramos em nós, paciente porque espera que aprendamos a conhecer o outro, paciente porque não nos condena pelos erros que cometemos em seu nome… paciente porque, apesar de tudo, nunca nos abandona.